SABER DEMASIADO !
Por estes dias já deve saber que quando navega na NET deixa um rasto de migalhas electrónicas com alguns quilómetros. Mas pode não saber que software de análise-estatística recolhe estas migalhas e deixa que os donos dos sites analisem cuidadosamente o seu tráfego para ver para onde está a olhar, de onde você veio, que browser usa e o último site que visitou.
Muitos dos pacotes de análise ficam muito próximos de realmente identificarem os visitantes do site pelo nome.Com a passagem para o novo protocolo de IP versão 6 (IPv6), ainda mais informação sobre si pode ser recolhida. Imagino receber a
seguinte informação acerca de um leitor do meu blog:
"David Smith visitou o site durante 2 minutos e visualizou 3 artigos, incluindo a sua biografia e as fotos antes-depois de Yasmine Bleeth. Vive em Columbus. Ohio, e usa um Pentium com o Windows XS SP2. O endereço de IP é o 4.56.177.0 e o seu ISP a Bellsouth. Tem ligação DSL e usa uma antiga versão do Firefox como browser. Visitou o seu site depois deste ter sido referido pelo Google quando efectuou uma pesquisa usando as palavras "antes", "depois" e "actrizes".
Existem sistemas de proxy que permitem navegar de forma anónima. Mas paenas os mais paranóicos os utilizam uma vez que os
restantes estão convencidos que ninguém se interessa realmente por todos os detalhes de todas as pessoas que clicam num link. E
então se o dono do site sabe que eu vivo na Califórnia depois de descobrir o meu IP? Mais e mais detalhes dos utilizadores da net estão
a vir ao de clima. Quanto tempo demorará até sabermos onde é que as pessoas trabalham e que programas e que programas de televisão vêem? A menos que alguma coisa seja feita para impedir que tudo e todos obtenham um endereço IP isto não é assim tão rebuscado.
Há pessoas por aí que defendem que se dê um endereço IP a tudo o que tenha uma ligação eléctrica ou sem fios a qualquer parte da rede eléctrica ou da Net. Com o protocolo IPv6 existem 2128 endereços disponíveis, suficientes para qualquer aparelho imaginário na casa de toda a gente incluindo as lâmpadas. O número de endereços disponíveis com IPv6 é tão astronómico que pode ter a certeza que iriam ser dados a tudo o que seja possível, porque podem ser. Ridículo, mas é verdade.
Tudo irá ser monitorizado a tal extremo que não só os bloggers irão saber que oDavid Smith visitou os blogs, como também quando que ele apaga as luzes. A frequência com que bebe café. Que programas de televisão ele vê.
Pode imaginar que qualquer minuto do dia poderá ser extrapolado pela análise da actividade dos IP's que nos rodeiam. Isto irá funfir-se numa manta de retalhos de dados indiscriminados, essencialmente ruído branco. Mas onde há dados, há pessoas que procuram explorá-los. Como civilização já fomos demasiado longe no desrespeito de direitos individuais, com instituições pouco claras como companhias de crédito e companhias de seguros a manter dossiers secretos de cidadãos.
O que se segue? O que quer que seja não pode ser bom. Os Estados Unidos têm vindo lentamente a adoptar o IPv6 à medida que enganamos a falta de IP's com esquemas DCHCP e NAT para reciclar, rodar e reutilizar endereços IP. Mas o apelo entre alguns tecnólogos que não vêem nada de mal em filosofias "IP em Todo o Lado" é irresistível. Isto vai acontecer. Talvez não amanhã, mas em breve você vai estar sentado à frente do seu computador no trabalho e aparecerá uma mensagem da companhia de Gás e Electicidade: Jonh, notamos que nos últimos dias a luz da sua cave tem estado acesa. Os padrões passados indicam que isto é um engano e que se esqueceu de a desligar. Custar-lhe-á 314$ adicionais à sua despeza mensal se deixar que esta situação se mantenha. Podemos desligá-la remotamente. Deseja que o façamos? Continue sim/não.
E iremos pensar que isto é simplesmente fantástico. Poupámos 3 paus por estarmos debaixo do olhar vigilante da Companhia de Gás e Electicidade. Oh que alegria.
John C. Dvorak in PC MAgazine
20/09/2005
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